A obra teve como propósito a redefinição do traçado em planta e em perfil, em leito novo ou sobre o existente do rio Mondego, no troço de aproximadamente 40 km, entre Coimbra e a sua foz junto à cidade da Figueira da Foz. O perfil transversal em duplo trapézio sobreposto apresenta um leito maior (largura entre os 112m e os 380m) para a exploração em regime de caudal máximo de inverno e um leito menor (largura entre 88m e 142m) para o regime de estiagem com caudal mínimo.
A realização desta redefinição de traçado e dos perfis correspondentes recorreu maioritariamente ao processo construtivo de dragagem dos materiais sólidos do leito do rio, utilizando o método de corte/sucção/repulsão. O perfil transversal foi completado por diques de proteção com alturas de 2,7m a 4,6m e um canal trapezoidal para condução da água de rega às culturas nos terrenos agrícolas adjacentes.
O fundo do leito regularizado foi executado em degraus, sendo, tal como os taludes dos diques adjacentes, protegidos com mantas de enrocamento sobre núcleos de argila. As escavações e os aterros hidráulicos foram executados por dragagem recorrendo a dragas de corte/sucção/repulsão. Estas dragas eram modulares, constituídas por pontões flutuantes interligados.
A lança de corte equipada para corte a profundidade máxima de 14/15m, possuía um desagregador rotativo que misturava o material escavado com a água, formando uma suspensão bombeada e repulsada para condutas flutuantes de diâmetro 500 mm e troços apoiados em terra. Nas situações em que era preciso repulsar a distâncias apreciáveis, onde o local de deposição se afastava dos diques protetores do canal, foi necessário o recurso a bomba intermédia “booster”, para se atingirem distâncias até cerca de 2 km.
As dragas eram ainda dotadas de geradores, “spuds” (tubos metálicos que se fixavam no terreno e serviam de pivots de rotação para o movimento da draga), guinchos de ligação às âncoras (cujo movimento, conjugado com os spuds, controlava também a rotação e movimentação da draga) e de uma cabine de controlo de onde eram comandadas todas as operações de dragagem.
O trabalho e a progressão das dragas foram efetuados da seguinte forma:
1. Um dos spuds era elevado e largado bruscamente, cravando-se no leito do rio;
2. O “spud” funcionava então como centro de rotação ao movimento da draga;
3. O movimento da draga era conseguido através de cabos que eram acionados por guinchos existentes em ambos os lados da draga, estando os cabos fixados nas margens por âncoras;
4. A lança e o respetivo desagregador movimentavam-se então cobrindo arcos de círculo em escavação até à profundidade de corte requerida;
5. Seguidamente, o dragador procurava nova posição para a cravação de um outro “spud” e para a fixação das âncoras, libertando de seguida o “spud” anterior.
Contra o efeito erosivo das águas no leito menor foi aplicada uma proteção constituída por um filtro invertido, construído com camadas sucessivas de areia e agregados britados de dimensões progressivamente crescentes, até à camada final de enrocamento calcário.
O material necessário para o enrocamento foi obtido nas diversas pedreiras da região. Para os taludes do leito maior, a proteção foi feita unicamente com recurso a revestimento vegetal. Na estrutura dos diques foi necessária a construção de um núcleo impermeável em argila que impedisse a infiltração da água e a sua consequente destruição.
Em complemento aos equipamentos de dragagem, foram utilizados diversos equipamentos de construção pesada, principalmente:
- Bulldozers; - Centrais de fabrico de betão;
- Retroescavadoras de pneus e lagartas; - Betoneiras;
- Pás carregadoras de pneus e lagartas; - Barcaças;
- Motoniveladoras; - Barcos;
- Cilindros compactadores de rolo liso; - Bombas submersíveis;
- Cilindros de pé de carneiro; - Eletrobombas;
- Cilindros manuais e placas vibradoras; - Motobombas;
- Gruas; - Geradores;
- Carros de perfuração de rocha; - Compressores;
- Instalações de britagem completas (alimentador, primário de maxilas, secundários e terciários giratórios, crivos de seleção, tapetes transportadores, etc.).
Foram realizados trabalhos complementares, como estradas e acessos para garantir a execução da obra principal, assegurar a comunicação às povoações próximas e para auxiliar a manutenção dos próprios trabalhos.
Para dar apoio à obra foi construído um complexo habitacional para alojar os trabalhadores.