Hidráulicas

Regularização do Baixo Mondego

Regularizacao-do-Baixo-Mondego1977

Os trabalhos visaram a regularização dos caudais de cheia e estiagem do rio Mondego, no trecho final aluvionar entre as cidades de Coimbra e da Figueira da Foz, possibilitando ainda uma melhoria das condições de exploração agrícola nas zonas suas vizinhas.

Os trabalhos tiveram como objetivo, a redefinição do traçado em planta e em perfil, em leito novo ou sobre o existente, do rio Mondego no troço de aproximadamente 40 km, entre Coimbra e a sua foz junto à cidade da Figueira da Foz. O perfil transversal em duplo trapézio sobreposto apresenta um leito maior (variando a sua largura entre os 112 m e os 380 m) para a exploração em regime de caudal máximo de inverno, e um leito menor (variando a sua largura entre 88 m e 142 m) para o regime de estiagem com caudal mínimo. Maioritariamente a realização desta redefinição de traçado e dos perfis correspondentes, recorreu ao processo construtivo de dragagem dos materiais sólidos do leito do rio usando o método de corte / sucção / repulsão. O perfil transversal foi completado por diques de proteção com alturas de 2,7 m a 4,6 m e um canal trapezoidal para condução de água de rega às culturas nos terrenos agrícolas adjacentes.

O fundo do leito regularizado foi executado em degraus sendo este e bem assim os taludes dos diques adjacentes protegidos com mantas de enrocamento sobre núcleos de argila.
As escavações, bem como os aterros hidráulicos, foram executados por dragagem recorrendo a dragas de corte / sucção / repulsão.

As dragas eram modulares, constituídas por pontões flutuantes interligados. A lança de corte equipada para corte a profundidade máxima de 14 /15 m, possuía um desagregador rotativo que misturava o material escavado com a água formando uma suspensão bombeada e repulsada para condutas flutuantes de diâmetro 500 mm e troços apoiados em terra. No caso em que era necessário repulsar a distâncias apreciáveis, i.e., em que o local de deposição se afastava dos diques protetores do canal, foi necessário o recurso a bomba intermédia booster, de modo a se atingirem distâncias até cerca de 2 km.

As dragas eram dotadas de geradores, de spuds (tubos metálicos que se fixavam ao terreno e serviam de pivots de rotação para o movimento da draga), guinchos de ligação às âncoras (cujo movimento, conjugado com os spuds, controlava também a rotação e movimentação da draga) e de uma cabina de controlo de onde eram comandadas todas as operações de dragagem.

Concluídos os perfis, através das operações de dragagem e de movimentação de terras complementares asseguradas através de processos convencionais, executaram-se os trabalhos de proteção dos mesmos.

Complementarmente à intervenção no novo leito regularizado, foi necessário construir estradas e acessos que serviram não só para a execução dos trabalhos, mas também para assegurar a comunicação às povoações próximas e inclusive executar seis novas pontes, tudo servindo também para a manutenção dos próprios trabalhos. Um complexo habitacional, com um grande número de habitações e edifícios de apoio social, foi também construído para alojar os trabalhadores afetos à obra.